Shadow of the Tomb Raider

Finalmente chegamos ao final de uma era, “Shadow of The Tomb Raider” finaliza o consagrado reboot da franquia que acompanha a jornada de origem da famosa arqueóloga badass e, mesmo não sendo meu jogo predileto da trilogia, fico contente em dizer que esse que é o mais sombrio e assustador dos três jogos e é uma forma bastante satisfatória de dizer adeus à Lara Croft, ao menos por ora…

Olha essa belezinha. Meu papel de parede há meses *-*
Eu sou super fã do reboot, pirei com “TR 2013” e engoli “Rise of Tomb Raider” no lançamento. Assim, no semestre passado mais ou menos na mesma época da decepcionante adaptação cinematográfica, quando revelaram que o terceiro jogo já estava sendo desenvolvido em segredo e seria lançado em poucos meses, eu surtei. Nossa equipe já não me aguentava mais falando de “Larinha” pra cá e pra lá e meu desespero para pôr as mãos no jogo. Minha neura cresceu no momento em que descobri que houvera uma mudança de estúdio e que a Crystal Dynamics, responsável pelos dois primeiros jogos, somente daria uma mãozinha à Eidos Montréal que estava assumindo agora o desenvolvimento. Na minha ânsia, até o livro mediano da heroína eu li e fiquei esperando uma espécie de crossover com o novo jogo, algo que infelizmente nunca aconteceu e que, na minha opnião, foi um enorme desperdício de oportunidade para um universo expandido da saga.


Pois bem, depois de controlar a ansiedade enquanto baixava gigantescos 30 gb de atualização de jogo já no dia do lançamento, eu finalmente estava pronta para começar a aventura. A hype estava lá nas nuvens já.

A primeira coisa que me chamou a atenção, enquanto eu baixava o áudio original em inglês do jogo que vem dublado em português, foi a introdução do modo imersivo (que pode ser ativado nas configurações) que faz com que os personagens falem em seu idioma ou dialeto original para uma maior, adivinhe… isso mesmo, imersão! A ideia da Eidos Montréal é linda e me empolgou pra caramba, porém ao mesmo tempo em que achei demais os NPC falando em espanhol ou em línguas indígenas como Quechua, me incomodou demais o fato de a Lara responder tudo em inglês e todo mundo se entender de boas. Conhecendo “Larinha”, ela deveria ao menos responder em espanhol. Achei meio zoado, pra ser bem sincera.

Quando finalmente comecei a jogar eu sabia que valeria a pena. A sequência de abertura do jogo é absolutamente deslumbrante; as cores, a experiência, é tudo muito empolgante e diferente. Os gráficos são lindos e, mesmo com alguns problemas de textura que às vezes incomodam e causam uns momentos esquisitos, há resultados impressionantes, especialmente na reprodução da floresta amazônica e na enorme e detalhada lendária cidade Inca de Paititi. Aliás, a exploração de Paititi é um dos grandes feitos do game, vale a pena passar horas apreciando o magnífico trabalho dedicado nessa parte do jogo. A trilha sonora do jogo e os precisos sons ao fundo também merecem elogio e fazem da experiência uma grande imersão.





“Shadow of The Tomb Raider” é familiar aos fãs veteranos da franquia, especialmente na jogabilidade, que segue mais ou menos a fórmula dos jogos anteriores, mas ainda assim deixa bem claro que tem algumas cartas na manga e que a nova desenvolvedora quis deixar a sua marca e um jogo com uma cara própria.

O jogo tem três vertentes que podem ser jogadas cada uma com diferentes níveis de dificuldade conforme o perfil e escolha do jogador, sendo elas combate, exploração e puzzles. Em relação à exploração, bem como nos demais jogos da trilogia, muitos dos itens a serem explorados são opcionais e, por mais que alguns impliquem em vantagens durante o jogo não é nada que seja estritamente necessário ao longo da história, o que diminui um pouco o incentivo, e, por tanto, muitas vezes podem ser deixados para depois. Quanto aos puzzles, essa parte me agradou demais, pois são mais complexos, belos e numerosos do que os poucos presentes nos jogos anteriores e, junto às armadilhas, começaram a quase que me fazer sentir como jogando os clássicos novamente, porém com um visual muito mais exuberante. Agora, quando se trata de combate… não vou mentir, há muito menos do que havia em “TR2013” e “Rise”, com uma impressionante e muitas vezes quase obrigatória mudança para um stealth mode muito mais aprimorado, com direito a camuflagem e execuções silenciosas bastante empolgantes.


De boa na moita depois de rolar no barro... toma essa otário!
Se em “TR2013” Lara sobrevivia e em “Rise” buscava respostas, em “Shadow of The Tomb Raider” ela busca encrenca, aqui ela está se preparando para a guerra. O que faz da construção das habilidades da personagem ao longo da saga um de seus muitos acertos, pois é muito evidente a evolução da heroína. Uma das coisas mais legais de “Shadow” são as novas habilidades de escalada e rapel da personagem realmente terem alcançado outro patamar, trocadilho intencional. Se no primeiro jogo Lara mais reagia às situações e sofria com o conflito de tirar vidas, agora a jovem corre atrás do perigo e não exita em enfrentar qualquer um que se coloque em seu caminho, uma assassina treinada de sangue frio. Com direito a algumas cenas de ação dignas de Hollywood e momentos de tirar o fôlego e dar inveja ao Michael Bay, eu que de tão paz a amor sou quase hippie, me vi em certo momento literalmente gritando de empolgação numa sequência extremamente violenta e emocionante que é um marco transformador na personalidade da personagem. Mesmo com menos combate, dá pra dizer tranquilamente que essa é uma versão bem mais sangue nos olhos e ver toda essa frieza ser intercalada com uma série de momentos muito humanos e vulneráveis da personagem geram um contraste e profundidade interessante, o que condiz com a Croft mais complexa que tem sido construída ao longo dos últimos cinco anos e que passamos a conhecer e amar.

Parça é parça... Mas quase não reconheci o Jonah magro com coque samurai e plástica na cara
Apesar de sociável, mesmo que de maneira esquisita às vezes, e quase sempre assistida pelo seu leal amigo Jonah, vemos que Lara finalmente começa a se tornar uma espécie loba solitária que se sente mais à vontade em suas explorações trabalhando sozinha, acompanhada da famosa, perigosa e muita vezes beirando ao narcisismo, obsessão Croft. Se no primeiro jogo Lara tinha dificuldades em aceitar seu legado, nesse ela o vive, literalmente.


Apesar de ter amado esse jogo, não o considero o melhor da trilogia em especial por motivos de roteiro. Senti que o terceiro jogo não ficou tão amarrado com o segundo quanto eu gostaria e que algumas questões pendentes de “Rise” não foram respondidas com a profundidade necessária, deixando a sensação de que ainda faltava algo e que talvez, bem talvez, um tempo a mais dedicado ao roteiro poderia ter feito de um bom trabalho, um espetacular. O próprio fim da campanha, que deveria ser o ápice e tem sim alguns momentos memoráveis, não me entenda mal, me soou mais corrido do que eu gostaria e acho que caberia um pouco mais de desenvolvimento. Ainda assim, o resultado final é digno e bem satisfatório.

Como final de uma trilogia que marca o arco de origem da personagem, o jogo funciona muito bem. “Shadow of The Tomb Raider” apresenta uma heroína muito diferente da jovem inexperiente e assustada de “TR2013”, vemos uma Lara mais madura, habilidosa, estratégica e muito mais brutal, porém ainda muito humana e cheia de falhas, lidando com os fantasmas do passado e as consequências de suas escolhas. Se a jovem de 2013 ainda relutava em acreditar em algo além da ciência, não há mais dúvidas que Lara não mais reluta em abraçar os mitos e lendas sobrenaturais que são parte fundamental daquilo que faz a franquia tão encantadora. Em “Shadow” finalmente temos um vislumbre da heroína que estivemos esperando e da qual nos despedimos por enquanto, na expectativa de que a Square Enix muito em breve nos traga novos arcos e aventuras da Lady Croft, agora em todo o seu esplendor. #VemLarona


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