Tomb Raider: A Origem


Empolgadíssima, fui ao cinema cantando o clássico “tumba la catumba tumba tá” e vestindo minha brusinha #FightLikeAGirlLaraCroft; otimista, mas rezando para que esse filme pudesse talvez quebrar a maldição das adaptações cinematográficas de games e, apesar de não ter sido uma decepção como a desgraça que foi Assassin’s Creed, ainda tá longe de fazer jus a obra original. Para quem não jogou os novos jogos e/ou não é fã da franquia, o filme entretém e até cumpre seu papel, mesmo se enrolando em um punhado de clichês, e é um blockbuster divertido e despretensioso, repleto de ação. Mas para quem, como eu, adora os jogos do reboot vai sentir que esse filme foi mais uma oportunidade desperdiçada e que sofre daquilo que acabo de batizar como “Síndrome de Percy Jackson”, que deixa de fora coisa relevante para preencher a adaptação com "invencionismos" equivocados, comprometendo aquilo que tinha tudo para ser o início de uma franquia promissora.


Recapitulando para aqueles que estão por fora do mundo dos Croft, em março de 2013 foi lançado “Tomb Raider”, o jogo que marcou o reboot da franquia, apresentando uma Lara Croft jovem e inexperiente, recém saída da faculdade, partindo para sua primeira expedição e, aos 21 anos de idade, bem longe de ser a heroína badass conhecida mundialmente. Em novembro de 2015, saiu a sequência “Rise of The Tomb Raider”, com uma Lara mais madura, confiante e ousada após os eventos de TR2013, buscando por respostas e seguindo o legado do Croft. Ontem, para alegria do fandom, foi anunciado para setembro deste ano o lançamento de “Shadow of Tomb Raider”, jogo que encerrará a trilogia.

Assim, para quem ainda não havia entendido o motivo de “trocarem a Angelina Jolie”, tá explicado agora. Apesar de o filme “Tomb Raider: A Origem” ser uma adaptação do primeiro jogo da trilogia, surpreendentemente ele antecipou alguns elementos do segundo jogo e conseguiu introduzir outros da mente dos roteiristas que, por fim, fizeram com que o filme não fosse fiel nem a um nem a outro. Eu acredito que boas adaptações se destacam quando conseguem fazer sentido e agradar tanto ao público que é fã da obra original quanto aquele que não sabe nada sobre ela, encontrando o equilíbrio entre a fidelidade ao material original e o agregamento de novos aspectos, e é por esse motivo que eu vou me permitir ser aquilo que mais temia: a fã chata.


Como falei, se esquecermos que o filme é a adaptação de um jogo, eu diria que ele entrega aquilo que propõe, mesmo entre tropeços, pieguismos e CGI duvidoso, compensando com várias cenas de ação divertidas e até mesmo um senso de humor bastante interessante. Não é um filmão, mas é entretenimento. Minha prima, por exemplo, foi minha cobaia que nunca jogou Tomb Raider e amou o filme, saiu animadíssima da sala de cinema.

Para quem jogou, a história já é outra. Além de o filme ter desprezado a maioria dos personagens coadjuvantes do jogo - uma pena -, ele peca ao apresentar de cara uma Lara muito além de suas habilidades iniciais, pois a principal marca de TR2013 é justamente acompanhar essa evolução da personagem, isso acabou gerando uma certa inconsistência ao longo do enredo. Além disso, seguindo a linha do jogo, esse deveria ser um filme super #GirlPower e eu revirei os olhos pelo menos uma meia dúzia de vezes em cenas em que, absurdamente, méritos que nos jogos são única e exclusivamente da Lara, mesmo ainda muito jovem, e que no filme foram delegados a personagens masculinos, fazendo com que ela apenas seguisse a partir do ponto em que eles desencadearam o plano - para mim um erro imperdoável. E, apesar de o filme fazer um trabalho fabuloso ao mostrar a capacidade física de Lara, falha no desenvolvimento de sua habilidade intelectual excepcional e chega a ser inconsistente ao lidar com sua inclinação acadêmica, tendo esse sido um ponto crucial para causar em mim uma relutância em aceitar totalmente essa nova Lara Croft da telona. Quanto a Alícia Vinkander no papel, não posso reclamar, ela deu o couro para viver a Lara - literalmente, pois deve ter se ralado inteira nas cenas de ação - e conseguiu trazer para a telona extraordinária força física, habilidade motora e determinação que são marcas da personagem, combinando com o charme e o carisma necessário para viver essa nova era da protagonista, mais humana e menos idealizada, deixando de lado o apelo sexual desnecessário sem deixar de ser feminina. Se a nova Lara dos cinemas não me convenceu, foi por erros de roteiro e adaptação, definitivamente não de elenco.

Ainda como fã dos jogos, vou elogiar a fidelidade de algumas cenas do filme que deram aula para Assassin’s Creed de como fazer um fanservice bem feito. Adorei também as cenas de ação  que foram filmadas por detrás da cabeça da Alicia, elas me fizeram involuntariamente pressionar um RT inexistente, como se eu estivesse jogando e isso foi bem divertido.

Em resumo, não é o filme que eu queria, tinha tudo para ser um HINO, mas ficou na praia - trocadilho intencional. Entretanto, se tiver uma sequência - algo que estou cética - vou assistir não apenas por curiosidade, mas também com uma certa animação, pois mesmo com erros que foram flechadas nas costas da minha versão jogadora, a minha versão pipoqueira se divertiu na sessão hoje.


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