Maniac

Mais de uma década, duas carreiras brilhantes, algumas indicações ao Oscar e uma estatueta depois, Emma Stone e Jonah Hill se encontram novamente na aguardada e extremamente ambiciosa nova minissérie da Netflix, Maniac. Somente esse reencontro épico já seria o suficiente para chamar a minha atenção, mas quando soube que a série traria todo um viés psicológico, então, já tinha comprado a ideia sem nem mesmo perceber.


De alguma maneira, a série me lembrou bastante “A Origem” em alguns momentos e em boa parte de sua essência um “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” meio que invertido e, até mesmo “Her”. Considere que eu amo os três filmes e você já vai facilmente concluir que eu adorei Maniac. Porém, apesar de, de alguma forma, me remeter à vibe desses filmes queridos, a mini série é algo completamente singular.


Maniac se passa num futuro incerto em Nova York e conta a história de dois personagens, o esquizofrênico Owen (Hill) e a depressiva Annie (Stone), que fazem parte de um experimento corporativo para testar uma nova droga supostamente capaz de curar problemas psicológicos dispensando terapia.

Com uma direção de arte cuidadosa e um visual retro futurístico exuberante e criativamente atraente, a série chama atenção imediatamente, talvez até mesmo pelo estranhamento inicial causado pelo ar pitoresco da produção.


O criador da série Cary Joji Fukunaga, roteirista de It (2018) e produtor de True Detective, dirige todos os episódios com um resultado formidável e tira de um elenco excepcional atuações impressionantes numa série que não deixa de surpreender.

Eu sou fã da Emma Stone  desde seus filminhos adolescentes e fico feliz que já há alguns anos ela tem recebido o devido destaque como uma das melhores atrizes de sua geração. Gosto muito também do Jonah Hill que, finalmente, tem começado a ser reconhecido por muito mais do que as comédias de início de sua carreira - que também gosto, não me levem a mal. Mesmo acompanhando aqui e ali as carreiras de ambos, a verdade é que fiquei impressionadíssima com a atuação da dupla em Maniac. São performances poderosas e emocionantes e, acima de tudo, extremamente versáteis já que seus personagens enfrentam uma gama surreal de situações.



A série ainda conta com a participação da maravilhosa Sally Field, Sonoya Mizuno mandando bem pra caramba e Justin Theroux em uma atuação um tanto quanto perturbadora que consegue se dividir entre o cômico e WTF.

Não acredito que essa seja uma série para todo mundo. Quem busca uma história bem linear e mastigadinha certamente vai ter dificuldade ou mesmo desgosto em tentar acompanhar. Apesar das elaboradas e mirabolantes reviravoltas de uma trama bastante incomum, no fundo no fundo a premissa da série em si é bastante simples, mas não menos cativante. Eu ainda estou estou digerindo muita coisa e, assim que tiver um pouco mais de perspectiva, pretendendo rever todos os episódios.

É extremamente relevante debater problemas psicológicos e acredito que a ficção é uma maneira muito importante de fazê-lo. A própria discussão sobre o que é a realidade afinal de contas e qual é a verdadeira "loucura", bem como temas universais como perda, trauma, dor, solidão e conexão humana são assuntos que nunca perdem o interesse e que, aqui, são tratados de maneira bastante ousada e absolutamente fascinante.

Desde o trailer eu não sabia muito bem o que aguardar dessa mini série e, certamente, não foi nada daquilo que eu pudesse antecipar. Essa é, sem sombra de dúvidas, uma das séries mais inusitadas que assisti recentemente e, com certeza, uma que deixou uma marca que não será apagada tão cedo. Maniac é uma preciosidade da televisão, uma jornada emocionante e incômoda que te coloca pra pensar, questionar e se questionar.


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