30 e Poucos Anos e uma Máquina do Tempo - Mo Daviau

Tentar achar a resposta para “o que você faria se achasse uma máquina do tempo?” é tão complexa quanto pensar o que você não faria tendo acesso as quase infinitas possibilidades que esse “poder” traria. Karl Bender, um ex-guitarrista e agora dono de bar, já sabia: ganhar dinheiro e assistir aos shows de Rock que marcaram sua vida e aqueles que não pode ver - claro! 


Após o fim de sua carreira como guitarrista, Karl decide se manter nas paredes de seu bar e em seu apartamento - sem luxo-, numa Chicago que o traz velhas lembranças e um certo ar de solidão. Seus dias rotineiros ficam mais suportáveis com as visitas diárias do cliente e amigo Wayne DeMint, que apesar de também possuir um vazio existencial, procura alguma forma de dar sentido às suas ações, sendo até mais sensível e otimista que Karl. 

A vida dos dois começa a mudar quando - por puro acaso, Karl descobre um buraco de minhoca em seu quarto (fácil assim!), ele prontamente conta ao amigo, que cria um sistema informatizado e um pouco mais seguro para que transitem pelo espaço-tempo. Fãs de Rock e saudosos das boas eras do gênero, os amigos criam um negócio de viagens no tempo para - e somente - Shows. As viagens temporais tinham algumas regras, sendo as principais: não sair do espaço do show, não interagir com ninguém, não trazer (ou levar) nenhuma lembrancinha do ou para passado e não viajar para o futuro.

Os negócios iam muito bem, clientes felizes retornavam várias e várias vezes e através de uma verdadeira rede, muitos outros apareceram para aproveitar e vivenciar pela primeira vez ou novamente aquelas horas de shows de suas bandas favoritas. Porém, Wayne se tornava cada vez mais melancólico, mesmo podendo ver shows que nunca sonhara antes e ficando feliz com isso, ele queria fazer mais e dar sentido aquela oportunidade que era ter um buraco de minhoca.


Wayne decide que voltaria ao passado e quebraria quase todas as regras impostas por eles mesmos e salvaria John Lennon de sua fatídica morte. Após muita discussão, Karl finalmente cede às vontades do amigo, porém após um grande erro, Wayne vai parar no ano de 980, sem energia, sem civilização, sem John Lennon e sem uma forma de voltar para casa. Agora Karl precisa arranjar um jeito de trazer o amigo de volta, antes que o tempo cobre sua hora.

A história é muito boa e embora possua uma narrativa bem fluída, a autora peca em se estender demais nas repetições e no saudosismo exacerbado de Karl, nesse recorrente ciclo vicioso. Por ser em primeira pessoa entendemos todas as angústias e frustrações mal resolvidas do personagem e chega um momento que as queixas se tornam muito cansativas. Outros trechos da história são reforçados constantemente e alguns acontecimentos importantes ocorrem rápidos demais e quaaaaase não há uma reflexão nas possíveis consequências de uma viagem no tempo.

Apesar de toda frustração de Karl não criei uma antipatia a ele, é um protagonista mediano e que tem sua evolução no decorrer da leitura. Wayne merecia mais destaque da sua busca para entender os mistérios da vida e achar seu lugar no mundo. Lena, que não citei anteriormente, é aquela personagem divertida, sagaz e que traz em sua história muitas entrelinhas - foférrima! Em seus altos e baixos o livro possui um enredo bem emaranhado e pode enganar pela sinopse, mas vale a leitura descompromissada para quem gosta do gênero e busca algo rápido. Gostei muito!

Nota: 3,5/5★

Víamos nosso passado com tamanho amor e sensação de perda que todo dia à frente era uma facada nas entranhas ~ Cap. 1

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