42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Há uma semana terminou a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Em sua 42ª edição, apresentou 336 filmes de mais de 60 países. Com locais de exibição diversos, foi possível conferir os filmes em salas de cinema, museus, espaços culturais e também ao ar livre.

Guia da Folha cheio de orelhas depois de ser muito manuseado por duas semanas

Além disso, pelo segundo ano consecutivo, a Mostra SP reservou um espaço no Cinesesc para a exibição de 21 filmes gratuitos em realidade virtual. Também no Cinesesc, uma novidade: The Chalkroon, instalação em realidade virtual criada por Laurie Anderson e Hsin-Chien Huang. As sessões duram uma hora e propõem uma viagem por um quarto de giz, onde paredes, chão e teto estão rabiscados com palavras, frases e desenhos. Infelizmente não consegui conferir nenhum dos especiais de realidade virtual, mas The Chalkroon vai ficar disponível até 18 de dezembro, então espero conseguir visitá-la.

Por curiosidade, fui conferir nas minhas anotações quando comecei a frequentar a Mostra SP. Realmente não me lembrava e estava esperançosa de já estar na minha 10ª edição. Mas fiquei muito surpresa e feliz de descobrir que meu primeiro filme foi o brasileiro Quase Dois Irmãos, dirigido por Lucia Murat e exibido na 28ª Mostra em 2005! Nos anos seguintes fui aumentando timidamente a quantidade de filmes assistidos por evento, sem nunca passar de dez, até que em 2015 consegui a façanha de dezessete filmes!

Cartaz da 42ª Mostra

Este ano, pela primeira vez, estava de férias no período da Mostra SP e adquiri minha primeira credencial (da série: vou guardar pro resto da vida e te amar pra sempre). Há diversas opções: a Permanente Integral, que dá direito a todas as sessões; a Permanente Especial, às sessões de segunda a sexta iniciadas até às 17h55; e os pacotes de 40 e 20 ingressos. Optei pela Permanente Especial e achei que valeu muito a pena. Mesmo sem ir todos os dias, consegui ver onze filmes e saiu muito mais barato do que se eu tivesse pago inteira em cada sessão. 

Dos filmes que vi este ano, o que mais gostei foi a aposta dinamarquesa para o Oscar de filme estrangeiro. Culpa se passa inteiramente em duas salas da central telefônica de emergência da polícia. Asger é um policial que está afastado do seu trabalho nas ruas de Copenhague e, a contragosto, atende as chamadas de emergência com um certo desdém, até que recebe uma ligação de uma mulher que está sendo sequestrada. Acostumado com a ação das ruas, Asger não se contenta em apenas transferir as poucas informações que conseguiu às viaturas e decide conduzir sua própria investigação.

É difícil montar a própria programação com tantas opções...

Gostaria de comentar sobre vários outros filmes: Sofia, A Costureira de Sonhos, Los Silencios, Eu Sou Tempesta... Alguns provocaram gargalhadas no público, outros reflexão sobre a sociedade, as leis, os preconceitos, a vida e a morte... Mas vou me limitar ao que considerei uma conquista desbloqueada: O Homem que Matou Don Quixote, de Terry Gilliam. Desde que descobri a verdadeira saga que esse filme percorreu até finalmente ser exibido no encerramento do Festival de Cannes em maio, virou questão de honra conseguir um ingresso para uma sessão. Foram necessários mais de 20 anos, três substituições da dupla principal, alguns processos judiciais e o diretor sofrer um derrame às vésperas da incerta exibição em Cannes para que enfim este filme alcançasse a telona que merecia. E Gilliam, apesar de merecer o título de diretor mais azarado de todos os tempos, conseguiu assistir à tão sonhada première.

Começando com apenas um filme há 14 anos, hoje a Mostra SP é um dos eventos mais esperados anualmente por mim. É também a única ocasião em que eu compro um jornal nas bancas. O Guia Especial da Folha de São Paulo é publicado no primeiro dia do evento, que eu batizei de Dia Anual de Comprar Jornal. A Mostra SP adquiriu tamanha importância na minha vida por ser uma grande oportunidade de ter acesso a filmes de tantos países e que jamais irão estrear no circuito comercial brasileiro. Por me permitir descobrir e admirar nossa excelente produção nacional, com especial destaque para o cinema pernambucano, que teve um ótimo destaque na 38ª edição em 2014. E por várias vezes trazer diretor, elenco e produtores para dentro da sala para um breve debate. Foi assim que pude presenciar Alceu Valença contando sobre sua primeira experiência na direção do longa A Luneta do Tempo. Por tudo isso, mal posso esperar pela 43ª edição!

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